Projetos

Museu de Arte Contemporânea – Intervenção arquitetônica em ruínas (Piscina Mirabilis)

Concurso de arquitetura - Intervenção arquitetônica

_ O Museu de Arte Contemporânea Piscina Mirabilis foi aqui concebido como um projeto arquitetônico em duas frentes principais: a consonância entre a preexistência histórico-arquitetônica da antiga cisterna romana e o seu sentido como sítio arqueológico de investigação, contemplação e transição humana, mas também como intervenção contemporânea com personalidade e que busca um diálogo entre arte e arquitetura, sem no entanto, ser desrespeitosa ou excessivamente evasiva com o patrimônio.

_ Re-Uso:

Para fundamentar nossa reflexão durante o processo de projeto referente a perspectiva de intervir em um dos mais significativos reservatórios de água da Roma antiga, optamos por fundamentar alguns conceitos sobre valores de uso, preservação e restauro arquitetônico. Para isso, citamos o pensamento de Gaetano Miarelli Mariani que nos diz que devemos sempre procurar uma relação positiva do novo com o existente que, de modo eficiente e respeitoso, atue como elemento de conexão no tecido figurativo da edificação e da cidade. As ruínas da Piscina Mirabilis foram entendidas como um monumento clássico, dentro do que o historiador Alois Riegel classificaria como “ruínas antigas”, uma vez que o seu valor arqueológico é de extrema relevância, mas ainda assim está inserido em uma urbe que carece de um uso que pudesse estimular sua dinâmica e ressignificar seus espaços interiores e exteriores para as novas e futuras gerações. Aqui consideramos ambos os aspectos, o monumento arqueológico (ruína antiga) e o espaço que pede uma ressignificação (ruína recente).

_ Intervenção proposta:

O conjunto de intervenções propostas seguem o conceito de intervenção mínima, mas ainda assim se mostrando presente através de marcadores pontuais que convidam o visitante a entrar, circular e usar os espaços de uma maneira conveniente para um Museu de Arte Contemporânea. A pergunta “O que é um museu hoje?” nos fez refletir sobre o tipo de projeto que seria pensado, onde concluímos que muito disso se refere especialmente aos principais suportes da arte vistos desde o século passado, mas com força agora no XXI: mídias digitais, usos e instalações efêmeras e a ideia de uma arquitetura como um evento. Todo o subsolo (no piso da antiga cisterna) foi pensado como uma galeria para arte digital, um acervo de acesso e possibilidades infinitas, interativa e contrastante.

O visitante é convidado a seguir através de um percurso delimitado por pórticos de luz que exibem painéis multimídia de LED com projeções de grandes nomes da arte contemporânea enquanto também proporcionamos visibilidade aos elementos estruturais de arcos e tetos abobadados, proporcionando uma nova leitura desse espaço. Também foram propostas novas disposições espaciais e percursos entre os elementos preexistentes que são discretos, mas ainda assim se destacam pela sua materialidade, onde também foram priorizados aspectos de eficácia com estruturas dinâmicas, menor agressão à integridade física e visual da ruína e a reversibilidade de todas as intervenções.

Além disso, as nova circulações formadas por passarelas metálicas possibilitam ocupar o nível da cobertura – onde hoje temos um vazio, uma lacuna na malha urbana -, propondo um acesso direto através de um elevador panorâmico que conecta com maior facilidade o lado interior com o exterior, criando um terraço-mirante que se volta principalmente para o Lago Miseno, de onde os visitantes poderão contemplar a paisagem de onde um dia veio parte da água que alimentou o antigo reservatório, nesse ponto, foi proposto um grande plano d’água raso com pouco mais que 30 cm que representa o imaginário da água que um dia ali predominou, um aspecto simbólico onde será possível acessar e se refrescar em dias mais quentes, bem como criar uma ambientação mais cênica para as próprias obras que arte que fiquem ali expostas (como esculturas de grandes formatos).

Localização

Bacoli - Itália

Projeto

2020

Obra

Não realizada - Concurso Internacional de Projeto - Reuse Italy

área do terreno

não informado

área construída

2.304m²

Equipe
arquitetura

Jéssica Aparecida de Paula

Vinicius Martins de Oliveira

Tiago Cunha (arquiteto externo)

Rendering – 3D

BSPA (modelagem) & Tiago Cunha (rendering)

Categoria

Cultural

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